"É bom escrever porque reúne as duas alegrias: falar sozinho e falar a uma multidão". (Cesare Pavese)

Memórias 09 - Chuva de Lágrimas

Acordei de madrugada lembrando de minha falecida mãe. Já era o dia do meu aniversário e abri a caixinha de memórias.


Chuva de Lágrimas




Na madrugada desse dia 20, “chovia lá fora” e aqui dentro de mim... De repente veio um carrossel de lembranças em minha mente.

Há 48 anos mamãe Guiomar (in memoriam) me trazia a este mundo de meu Deus. Lembrei-me que ela disse que meu pai quando soube que era um menino, não sabia o que fazer primeiro: se tomava banho, se fazia a barba ou se trocava de roupa. Nascia o tão esperado garotão da família.

Então, recebi o nome de Denilson, pois meu pai ouvia futebol pela rádio e gostou do nome de um jogador do Fluminense. Mal sabia ele que eu não teria a habilidade necessária para ser um futebolista. Mas depois viria o Marcelo... Goleiro, sim! Não joga na linha, mas tá valendo... 

Lembrei-me também das histórias que ela contava de minhas irmãs: Marisete levou um pedaço enorme de carne no berço para eu comer. Maristela estava comigo no colo, ainda bebê, e abriu um berreiro quando viu uma lagarta em sua roupa. Foi um festival de gritos: Stelinha e eu. Mas acho que ela ganhou. Sou um sobrevivente!!! 

Ah, perceberam? Maristela, Marisete e Marcelo... Todos com M e somente eu com D... Passei muito tempo achando que era adotado. Coisas de criança!!! 

Como fui o último a sair de casa – espertinho eu – aproveitei ao máximo meus pais. Já estava na casa dos 30 anos e recebia o café da manhã preparado pelos dois: cafezinho, suquinho, pão com ovinho frito... 

São muitas lembranças... Não dá para relatar todas, não é? 

Lembrei-me de quando disse a meus pais que estava apaixonado pela Débora, mas que ela era “crente”, então, saiu com uma de suas pérolas (mamãe tinha um senso de humor incrível, uma debochada): “Meu filho, não sendo da perna e do sovaco cabeludo, tudo bem!!!” 

Lembrei-me que no dia do meu aniversário, lá vinha ela com um pacotinho de tripinhas de presente. Tripinha é um salgadinho que ela fazia a base de trigo... Era a sua marca registrada! Literalmente, ela fez das tripinhas o seu coração! Quem teve o privilégio de recebê-las de presente ou prová-las sabe do que estou falando... Você foi muito amado, com certeza! 

“Éramos seis”, mas agora somos muitos: Maristela, Reinaldo, Priscila, Rafael, Bianca, Filipe, Marisete, Mário, Marcelo, Rosangela, Allan, Daniel, Débora, Amanda, Milena e eu... 

Lembrei-me, finalmente, do mandamento com promessa do Senhor: “Honra teu pai e tua mãe e teus dias se prolongarão nesta terra”... De fato, honrei minha mãe e continuo honrando meu velho e querido pai Antenor. 

Então, bora ser feliz porque fundamentado nessa promessa tenho no mínimo mais 48 anos pela frente!!! Viva EU!!! 

Continua "chovendo lá fora", mas agora não faz tanto frio assim...


Professor Denilson Duarte - 20/08/2016

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