Texto escrito originalmente em espanhol como tarefa do Curso de Idiomas da Escola Rockfeller - América. Inspirado na vida de meu amigo Martín Morales Martínez.
A Cidade Dourada
Naquele verão, Martín havia voltado para sua cidade natal: Almería. Parte das memórias de sua infância estavam naquelas paisagens: o porto, o Portão de Purchena, o Parque Nicolás Salmerón, o calçadão de Almería...
Há muito tempo ele ansiava estar ali... Uma
nostalgia que não pode ser explicada, só sentida. Os ares do Mediterrâneo enchiam
seus pulmões de uma alegria que não pode ser medida.
Nesta cidade encantadora, de tantas memórias,
vivia sua avó. É verdade que ela não se encontrava bem de saúde, mas era uma
mulher forte de alma. E fazia as melhores *migas de Almeria que se pode
imaginar. Na verdade, estar neste lugar o fez rejuvenescer alguns anos. Ele se
sentia como um menino, cheio de energia e disposição. Precisava esquecer muitas
coisas e estava disposto a tirar vantagem de cada minuto daquelas férias.
Depois de uma noite de boa conversa e boas
refeições, Martin acordou muito cedo. Era uma manhã típica de verão com céu claro
e o sol iluminava cada canto de sua amada Almeria. Um convite perfeito para ir até “Alcazaba” e
redescobrir as Muralhas da Colina de São Cristóvão. Ali, diante de seus olhos,
estava quase mil anos de história com sua arquitetura muçulmana de magnitude
extraordinária. Uma viagem de volta ao tempo, é claro.
Mesmo que ele desfrutasse de uma boa vida,
havia uma inquietação em seu coração. Coisas da vida que ele precisava
refletir. Como era um lugar isolado, escolheu um canto perto de uma das sete
torres da muralha, sendo três delas de forma quadrada de origem muçulmana e
quatro de forma circular de origem cristã. Por causa de sua fé, finalmente, ele
escolheu uma torre de origem cristã para ficar sozinho com Deus.
Martín ficou ali deitado com as mãos na nuca,
muito relaxado. Não se lembrava quando esteve assim pela última vez. Sua mente
estava a mil por hora, com tantos pensamentos, tantas memórias...
De repente, quando voltou seu olhar para o céu,
a luz do sol tornou-se tão intensa que o cegou. Não, não era uma metáfora. Na
verdade, essa luz tinha se tornado tão forte que não podia ver nada. Seus
batimentos cardíacos estavam tão descompassados que ele não podia mais
raciocinar. Seu corpo era tão leve que agora ele tinha a sensação de flutuar.
Seus pés não tocavam mais o chão e, repentinamente, ele sentiu seu corpo como
se fora lançado em outra dimensão...
Quando finalmente foi capaz de abrir os olhos
não estava mais nas Muralhas da Colina de São Cristóvão. Estava tão surpreso
que não podia acreditar no que seus olhos viam. A cidade onde ele estava era incrível.
Tinha uma parede muito grande e alta com doze portas. Em cada porta havia um
ser alado de tamanho descomunal. A cidade era perfeitamente quadrada e a
estrutura do muro era de jaspe. Tanto a cidade quanto as ruas eram feitas de
ouro puro que brilhavam como cristal. Cada porta era como uma pérola.
Mas não era a beleza daquele lugar que mais
importava, se não a paz que Martín agora sentia. Não havia choro ou dor ali.
Enquanto caminhava pelas ruas douradas daquela cidade indescritível, pôde ver
uma multidão com vestes brancas e em suas cabeças diferentes coroas. Só então percebeu
que ele também estava usando as mesmas roupas e tinha uma pequena coroa na
cabeça. Durante a caminhada podia ouvir um coro de vozes que envolvia todo o
lugar. Uma melodia incomparável...
surreal!
Quando chegou ao fim de uma das ruas pôde ver
um grande trono. Neste trono estava sentado um rei. O dono daquela cidade. Martín
não via seu rosto, mas seu cabelo era branco como a neve. Ele já se considerava
um cidadão daquele estranho, mas incrível reino, quando sentiu uma mão em seu
ombro e, então, ouviu uma doce voz que lhe disse: "Por enquanto é tudo o que
você pode ver... Você deve regressar, mas um dia voltará aqui novamente.
E num piscar de olhos, Martin estava novamente
deitado na colina de Almeria.
Sonho ou realidade? – Martin pensou.
Momentos depois estava cheio da mesma paz que
havia encontrado na cidade dourada e com uma certeza: tinha desfrutado de uma
realidade que há tanto tempo sonhava.
Martin sabia que a vida lhe havia presenteado com uma experiência única e tinha apenas um desejo: vontade de voltar. Desejo de viver!
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